style="width: 100%;" data-filename="retriever">
Uma das coisas boas da democracia (segundo Sir Winston Churchill, "Ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos") é a possibilidade, periódica, de alternância dos agentes políticos nos diversos níveis de exercício do poder público. Aliás, sustento sempre que, com as exceções estabelecidas na lei para casos de crimes de responsabilidade, maus governantes devem ser afastados dos cargos que legitimamente exercem nas eleições subsequentes àquelas em que foram eleitos. Não por outros meios pouco ou nada ortodoxos.
Neste estapafúrdio ano de 2020, nós, aqui, no grande e desigual país chamado Brasil (dependesse de uns e outros escreverse-ia Brazil), teremos mais uma oportunidade de interferir, para melhorá-los, nos procedimentos administrativos e no implemento de políticas públicas mais efetivas do ponto de vista dos interesses coletivos, nas pequenas e grandes comunas onde vivemos, trabalhamos e geramos riquezas sabidamente divididas de forma iníqua e concentradora.
No caso dos cargos do Executivo, cabe-nos avaliar as propostas que os pretendentes a eles têm em relação às cidades que queremos sob os mais variados aspectos da organização urbana e das relações da máquina pública com os cidadãos que a mantém.
Naturalmente, administrar cidades "falidas" e que, não raro, mal arrecadam o suficiente para sustentar a máquina burocrática que as movimenta, não é - ao contrário do que a voracidade dos candidatos por tais cargos e funções parece demonstrar - tarefa fácil. E a montagem da equação que atente para os variados termos e incógnitas que a devem compor, aí incluídas escassez de recursos e demandas sociais reprimidas, é o primeiro sinal da capacidade dos pretendentes de encarar com algum sucesso o desafio da administração em caso de vitória nas urnas. Vejam que falei apenas em equacionar, não em resolver a equação, o que será um segundo e raríssimo momento na gestão das incontáveis carências dos nossos municípios.
Portanto, se quisermos fazer uso, de maneira que ele seja útil à maioria dos nossos concidadãos, do imenso poder que nos é outorgado pela democracia, precisamos nos desvestir das paixões imaturas e agir de forma racional nas escolhas que fizermos.
As paixões, tão necessárias na vida, quando exacerbadas nas ações políticas, comumente, têm-nos levado, pelo país afora, ao cometimento de absurdos dos quais resultam incontáveis casos de desapreço dos eleitos pelos valores democráticos e pela gestão comprometida com os interesses das coletividades que os elegeram. Mesmo assim, o voto continua sendo a melhor dentre todas as opções que temos para traçar nosso próprio destino. A menos, é claro, que renunciemos, como alguns gostariam, à nossa condição de cidadãos.